terça-feira, 21 de outubro de 2008

Eu e as lendas



Quem não se lembra daquelas típicas lendas urbanas que rondavam nossa infância? Olhando algumas esses dias, me lembrei de várias que fizeram parte dessa época da minha vida. Algumas que só depois que a gente cresce vê que não tinha nada a ver. Ou será que não?.........

O JACARÉ DO RIBEIRÃO

Quando tinha uns 6 anos, e morava em outra cidade, numa casa que gostava muito, tarde da madrugada (umas 2 ou 3 horas da manhã), meu irmão e meu primo me chamaram na janela do quarto dos meus pais, que ficava voltada para o jardim, onde dormia na época, e eu meio sonolenta, não acostumada a ser acordada aquela hora (até achei que estava sonhando, se não fosse eles repetirem essa história no dia seguinte e até hoje), fui até a janela. Os dois estavam com caras sorridentes e alegres, de quem acabou de fazer uma arte. O que eles me contaram não tinha (e até hoje não tem) nenhum cabimento:


“— A gente acabou de matar um jacaré lá no riberão”

(havia um trecho do Rio Paraíba bem no final da rua, relativamente longe da nossa casa, que as pessoas chamava de “Riberão” e costumavam pescar), segundo eles, havia um pequeno jacaré no ribeirão, do qual eles armaram uma armadilha para mata-lo, colocando um explosivo em sua boca. Até eu que era pequena e podia ficar impressionada achei aquela história uma lorota, sair no mato aquela hora? Por mais que os dois fossem levados.......mas eles insistiam tanto (e por muitos dias depois) que acabei por achar que era mesmo verdade e fiquei com medo do ‘jacaré do ribeirão’ (e pior que até hoje eles ainda sustentam essa história, com um leve sorriso maroto no canto dos lábios.............). Na década de 20 surgiu esse boato dos ‘jacarés do esgoto’ nos EUA, que acabou se disseminando e vindo parar aqui no Brasil. Dizem que se você olhar para um bueiro com uma lanterna pode ver os seus olhos refletindo a luz lá dentro. Aham.

A BONECA AMALDIÇOADA


A segunda a me assustar na infância foi entre 6 e 7 anos. Nessa época estava sendo lançada a fatídica “Boneca da Xuxa”, e os boatos que elas matavam criancinhas de noite aterrorizou muitas meninas como eu. Pior era quando suas amiguinhas ficavam contando essa história com ares de “Toma cuidado viu, a próxima pode ser você”, como se elas também não estivessem morrendo medo. Xéé, por muitas noites tive que dormir com minha mãe temendo os meus brinquedos, achando que poderiam estar amaldiçoados, mesmo ela tentando me acalmar e dizendo que jamais compraria uma boneca dessas pra mim. Rsrs....
Esse boato saiu na mídia em meados de 1993, dizendo que uma menina tinha sido encontrada morta a facadas e que a faca tinha sido encontrada em cima da boneca da Xuxa, em seu colo, toda suja de sangue. Ai começaram a dizer que essas bonecas vinham recheadas com facas e outras armas, além de outros objetos vudus, para poderem despertar de noite e matar suas donas. A história também puxou a possível suspeita de que a Xuxa tivesse vendido sua alma ao Diabo para conseguir fama e sucesso. Suspeito, não duvido nada.......

PALHAÇO ASSASSINO BRASILEIRO

Em seguida, quando tinha lá os meus 7 a 8 anos (meados de 1994), veio a história dos ladrões de órgãos. Essa eu acredito não ser história, o mercado negro esta cheio desses ‘ladrões macabros’, que roubam crianças para matá-las e tirar seus órgãos para venda. Mas naquela época isso estava no auge e claro que se criou uma história por cima disso. Era a da Gangue do Palhaço. Nessa cidade que morei quando criança era comum ouvir (principalmente entre as crianças e adolescentes) algum comentário sobre uma nova criança que tinha sido encontrada ‘vazia’ (ou seja, com os órgãos roubados), e eu ficava imaginando a cena...bruuu, era de arrepiar, além disso a mídia ajudava muito essas histórias, falando sobre os casos que aconteciam no Brasil sobre as ‘carcaças’ de crianças encontradas vazias.......Só que ai eles começaram a divulgar possíveis ‘ladrões’ e criou-se um perfil em cima disso: o de um grupo que usava um carro preto e fantasias que atraiam as crianças, como as de circo, principalmente um palhaço e uma bailarina. Depois de conseguir fazer as crianças entrarem no carro elas nunca mais eram vistas, a não ser mortas. Nossa, ai foi aquela coisa. As mães dizendo pros filhos ficarem longe de qualquer presença suspeita, não se encantarem com pessoas fantasiadas, que lhes oferecessem doces ou parecessem simpáticas e nunca, jamais, aceitar entrar num carro estranho, principalmente se ele fosse preto. Comigo e meus amiguinhos não foi diferente. Até lembro o temor que era andar na rua (por um tempo nossos pais até proibiam a gente de brincar longe de casa e sempre deixavam alguém mais velho de olho) e de como era ver qualquer carro preto e achar que ele podia ser da Gangue do Palhaço. A gente fugia deles como o Diabo da cruz. Lembrando agora dá até vontade de rir, mas naquela época....eu não queria virar uma ‘criança vazia’ (era assim que chamavam) e quando estava só eu e mais alguém da minha idade a gente corria (fugia mesmo) de ‘presenças suspeitas’ e desses carros pretos estacionados em lugares ermos. Lembro até de uma vez, quando fui com minha mãe na casa de uma amiga minha num bairro afastado. Nós fomos brincar num campo ali perto e havia um carro preto parado numa rua deserta e como ela era mais velha que eu começou a botar medo, dizendo ser ‘o carro do Palhaço’ e que o tinha visto ali perto, e que estava acompanhado de uma bailarina. Dizia ainda que algumas crianças já tinham sumido naquele bairro, e que os dois deviam estar percorrendo a vizinhança, tentando atrair crianças pro seu carro fatídico. Comecei a ficar com tanto medo que corri de volta para a casa dela e não sai de lá até minha mãe decidir ir embora. Pior é que quando fomos embora, pegamos um atalho por um terreno vazio e no meio do caminho minha mãe lembrou-se que tinha esquecido alguma coisa na casa da menina e pediu que eu corresse de volta para buscar. Nem adiantou protestar, o jeito foi ir correndo, com medo, sempre olhando na direção do carro. Na volta então, foi um pinote só, morrendo de medo que o palhaço achasse aquela menina ali, sozinha e de bandeja pra ele. Rsrs.........Não duvido que acontecia alguma coisa parecida, sobre os ladrões atraírem crianças com esses pretextos (tipo doces e fantasias alegóricas) e depois elas nunca mais serem vistas, isso acontece há séculos, mas os elementos que envolveram a história final da Gangue do Palhaço com certeza surgiu da crendice popular que acrescentou detalhes assustadores como o carro preto e uma bailarina como ajudante.

SUGADOR DE CABRAS

Quando me mudei para a minha atual cidade, por volta de 1996, veio outro boato e esse muito mais mítico e divulgado: o do Chupacabra. Todos tinham medo pelos seus bichinhos, gato, cachorro, papagaio, pois ele podia amanhecer ‘sugados’ pelo Chupacabra. E claro que as histórias não paravam, de pessoas que tinham seus animais mortos misteriosamente (e muito próximo de nós), fazendeiros que não sabiam o que fazer com o chupador das suas cabras e vacas, rsrs. Na escola não se falava de outra coisa, minha professora da 3º série até chegou a mostrar um programa (muito mentiroso, por sinal) gravado do SBT que mostrava o possível cadáver de um Chupacabra (uma raia desidratada, nada mais, coisa bem ‘engana trouxa’ mesmo). Eu me sentia só um pouquinho aliviada por não morar mais na minha antiga cidade, que era muito mais rural e próxima do mato, onde devia habitar o alvejador de cabras. Na atual eu morava num sobradinho e a área era bem mais urbana, mas ainda assim eu sentia medo. De noite até fazia minha cachorra se esconder numa área apertadinha embaixo da caixa d’água, com medo que o Chupacabra a encontrasse (putz!). Isso durou por um bom tempo ainda...
A história do Chupacabra não é exclusividade do Brasil, na verdade ela começou na América Central, com galinhas sendo encontradas mortas, com o sangue sugado e mordidas de caninos grandes. Depois ela foi descendo para a América do Sul, com cabras e gado mortos e veio parar aqui, no berço do folclore sensacionalista. Ninguém nunca conseguiu encontrar um Chupacabra nem saber se era animal ou o que, alguns até o associaram com presenças alienígenas. Vai saber............
FANTASMA DO BANHEIRO

Por fim, quando entrei na adolescência e no território das historias em volta da fogueira (ta bom, no nosso caso era em volta de uma pilha de pacotes de salgadinhos e batata frita, mas.....), e mais assustadoras, veio a lenda da Loira do Banheiro. Estava na 5ª série, 1998 e foi a única vez na escola que estudei no período da tarde (depois só na faculdade). O final da tarde numa escola é algo realmente peculiar. Quando o céu vai ficando laranja e as sombras se alongam, nem todas as luzes são acessas e você se sente sozinho. Nessa época a gente vivia se reunindo em rodinhas para contar historias assustadoras, desafiando nosso próprio sono horas mais tarde, quando, sozinho no escuro você começava a relembrar aquelas histórias e ficava com medo, muito medo. Tinha a da velha casa assombrada do bairro, cuja própria moradora contava o que acontecia lá dentro (torneira abrindo sozinhas, portas rangendo, etc....talvez invencionices para assustar mais, mas era uma prova de coragem passar uma noite na casa dela, que já foi demolida há algum tempo), a da casa azul perto da escola, onde supostamente havia um fantasma raivoso, que não queria que ninguém alugasse a casa e estourava vidros quando alguma pessoa entrava lá com esse propósito (bom, na época eu vi os vidros quebrados, mas não sei se era por isso...hoje ela parece estar habitada (por muitos anos esteve vazia), mas eu sempre a olho como ‘a casa do fantasma’). O da procissão dos mortos, que saia de madrugada pelas ruas, em determinado dia de determinado mês e que se você olhasse poderia ser atraído para acompanhar o cortejo e assim morreria. O de que se você bebesse muita água antes de dormir podia sonhar que estava se afogando e acabar morrendo dormindo, o de que se comesse muita ou pouca comida, não conseguiria achar o caminho de volta no sonho e ficaria preso para sempre, coisas assim. Mas a que acontecia na própria escola era a da Loira do Banheiro (que deve rondar escolas de todo o Brasil). Você tinha que falar não sei quantas vezes um palavrão muito feio olhando para dentro da privada e ai começaria a aparecer cabelos loiros lá de dentro. Algumas se aventuravam, outras diziam que realmente tinham visto os cabelos, várias espalhavam a história e desafiavam as amigas só para zuarem, mas a verdade mesmo é que depois que passa o calor da situação e da brincadeira e você fica sozinha no final da tarde no banheiro escurecido (porque eles nunca acendiam a luz lá de dentro no final da tarde) batia um medo sim e tudo o que você queria era fazer o que tinha que fazer o mais rápido e cair fora logo dali. Às vezes eu ia pra casa apertada, pois não tinha coragem de entrar dentro do banheiro no final da aula quando praticamente todos já tinham ido embora...
A historia da Loira do Banheiro é imensamente divulgada e em varias versões, segundo a mais típica de todas, uma menina queria matar aula e um dia ficou escondida dentro do banheiro (como eu já fiz algumas vezes, ehehe), mas ai aconteceu um acidente lá (ela escorregou, ela caiu do lugar onde se escondia, dizem muitas coisas) e bateu com a cabeça, morrendo. Ai então seu fantasma ficou preso dentro do banheiro, assombrando quem aparecer por lá sozinho, ou invocar seu nome.

domingo, 19 de outubro de 2008

SILENT HILL




Assisti Silent Hill ontem, intitulado no Brasil como Terror em Silent Hill (desnecessário, já que Silent Hill já é o próprio terror). Fiquei quase emocionada com a fidelidade do filme aos jogos da série da qual sou fã. Acho que nunca vi uma adaptação tão boa. Música, cenários, acontecimentos, detalhes e personagens relembrando o game onde era possível e até impossível. Era quase como assistir ao jogo, e com isso reviver momentos nos quais passamos jogando essa ou aquela parte. E as músicas então, compostas pelo autor original da série, Akira Yamaoka, me deixaram até arrepiada. Além do jogo, sou uma grande fã da trilha sonora de Silent Hill e tenho todas, dos 4 games. Ouço muito, boa parte é instrumental e isso me inspira bastante na escrita. É um jogo diferente, e de longe tem umas das trilhas mais bem boladas que já vi, tudo a ver com o clima de drama e tensão da série. Todas as músicas tocadas no filme são do jogo (que barato!) e me lembro de cada uma delas pelas inúmeras vezes em que ouvi e dos momentos em que tocaram no jogo (como Letter – from the Lost Days (3º SH) que toca no carro de Rose quando está indo para Silent Hill com a filha Sharon, toca no carro em Silent Hill 3 quando Heather (a Sharon (ou Cheryl, no jogo) já adolescente, com outro nome e sem memória) esta indo para o mesmo lugar. Promise (2º SH) todas as vezes em que Rose reencontra Sharon (ou Dark Alessa) em algum lugar. A belíssima Dance with Night Wind (3º SH) quando Christabella leva Rose e Cybil para o lugar onde podem encontrar Sharon. Never forget me, Never forget me (3º SH) e Claw Finger (1º SH) na partida da cidade, Sadness (2º SH) na chegada em casa (e a certeza de que Rose nunca mais voltará ao mundo real, embora ela desconheça isso) e a brevíssima Lost Carol no final (com a certeza de Chris que ela sempre estará por perto, embora separados para sempre por uma tênue linha de realidade) além de muitas outras espalhadas durante a trama).
Os acontecimentos também nos levam ao 1º e 3º Silent Hills, dos quais acredito terem sido a base principal para a confecção do filme, embora tenha alguns elementos do 2º jogo (que se passa na cidade, mas não tem a ver diretamente com a história do primeiro, que só retorna no 3º game. O 4º jogo não é mencionado por ter uma trama a parte da série), como o temido inimigo Piramide Head aquele com uma espada enorme que apavora a todos tanto no jogo quanto no filme. James, o protagonista do primeiro Silent Hill é substituído por Rose no filme sem alterar a força da participação (acho que até ficou melhor como uma mulher), e o inicio do longa é idêntico ao do jogo, a policial Cybil que os persegue também é igualzinha (caramba!). A cidade é quase como tirada do pesadelo da Konami, como se de repente o game tivesse ganhado formas humanas e reais. O modo como a névoa cobre tudo, sem que se possa ver um palmo na frente do nariz, as cinzas, a interferência que os monstros transmitem a aparelhos eletrônicos (que no jogo era um radinho que o personagem carregava e que ajudava a saber quando um inimigo se aproximava, já que não se via nada a longa distancia, no movie sabiamente transformado num celular que a personagem carrega o tempo todo pendurado no pescoço), e aqui um parênteses, os monstros também i-dên-ti-cos (usando poucos efeitos especiais, muito bom!), a transformação de ‘realidades’, quando tudo escurece e a cidade parece cair numa outra dimensão, sombria, onde tudo esta enferrujado, destruído ou sujo, e que medo dessa dimensão infernal! Assim como no game, o efeito ‘escuro’ foi preservado, não se podendo ver quase nada sem a ajuda de uma lanterna (tornando o clima ainda mais assustador, já que uma coisa é estar na névoa de dia, outra é no escuro). “Somente o demônio abre e fecha o portal de Silent Hill”. As saídas de Silent Hill são bloqueadas por enormes rombos no asfalto (como se uma mão imensa tivesse partido as estradas que ligam a cidade ao mundo) recriados perfeitamente.
Outra coisa que achei mais do que incrível foram aspectos que talvez se me dissessem que pudessem ir parar no filme eu teria rido, mas depois de ver o resultado...Jogos no estilo de Silent Hill (normalmente classificado como survival horror) são cheios de mistérios e quebra-cabeças, do tipo que você tem que pensar para resolver e avançar no game. E não é que colocaram isso no filmes também! Em muitas situações a personagem tem que resolver alguns enigmas para tentar encontrar a filha e nem de longe isso parece forçado para que se pareça com o jogo. Pistas deixadas por Dark Alessa (que Rose acredita ser Sharon) fazem a mulher ir daqui para lá numa busca desesperada, assim como acontecia com James no 1º SH, passando por lugares como a Midwich Elementary School e o Grand Hotel (onde há elementos do 1º e do 3º game, como a pista na boca do estuprador de Alessa que é encontrado no mesmo sanitário que a menina se escondeu depois de ser violada, numa posição bem SH mesmo (que deixa corpos espalhados pelas grades das maneiras mais estranhas, do jeitinho do jogo), que indica o hotel, o quadro encontrado lá que escondia uma porta (no 3º jogo esconde uma entrada também). Depois Rose tem de atravessar um poço pulando por ferros estreitos e perigosos (tem coisa mais vídeo game do que a prova do ‘atravessar um abismo pulando pelas coisas mais finas possíveis sem cair la embaixo’, não há quem não fique p...., é um teste de paciência e habilidade, rsrsrs, perfeito!) e o melhor de tudo, esse me agradou particularmente, pode não ter nada de mais pra qualquer outro jogador, mas cada um tem sua particularidade e a minha é não viver sem um mapa enquanto estou jogando um game desta estirpe. E o que Rose faz para se localizar numa cidade como Silent Hill? Mapas. A única forma de encontrar a filha é saber para onde ir e onde ficam os lugares que são indicados nas pistas que encontra, e pela cidade ela corre ao som de Wounded Warsong (musica do 4º jogo que me surpreendeu por estar ai) se localizando pelos mapas espalhados pelas ruas (quase como eu vendo onde estava no 1º game, era a mesma coisa! Até o nome das ruas são iguais). Ou perto do final, quando ela tem que ir “Nas trevas onde o Demônio habita” encontrar a filha (na verdade o pavoroso Brookhaven Hospital , que é o cenário mais terrível principalmente no 3º SH, “o demônio esta nas entranhas deste prédio", disso eu não tinha dúvida) e precisa memorizar um quadro com todos os mapas “sua memória pode salvar sua vida”, são simplesmente os mesmos mapas que usava pra não me perder dentro daqueles corredores assustadores, e até o quarto final onde ‘habitam as trevas’ é o mesmo do game, um quarto no final de um corredor que não existia até determinado momento e depois de entrar por ele SH vira para a sua versão ‘infernal’ onde tudo fica escuro e enferrujado, genial!
O elevador despenca levando Rose até o subsolo do hospital ao encontro das trevas é semelhante a cena de Heather no 3º SH, quando o elevador desce rapidamente fazendo-a entrar pela primeira vez na dimensão infernal (alias, a Rose me lembra muito a protagonista do terceiro jogo, será coincidência?). As enfermeiras malignas que ela encontra lá embaixo me lembram o horror que era encontrar uma dessas nos corredores do game, como elas não puderam estar no filme, as reuniram numa única e assustadora ocasião.
Como não cheguei a terminar o primeiro jogo (ave, que difícil era!) não sei se a história de Silent Hill é contada no final, mas não entendia bem como o jogo tinha começado, qual era o motivo da cidade ser o que era e no filme tive uma boa visão disso, e pude compreender muita coisa que ficou meio nebulosa no tempo em que joguei a série até o 3º jogo, quando o demônio(com a forma de Dark Alessa) conta a história de Alessa para Rose e combinam uma forma de cada um ter o que quer (Rose a filha e o demônio o poder de entrar no único lugar bloqueado para ele em Silent Hill e assim acabar com todos os que sobraram na cidade, vingando Alessa, o que deixa bem evidente o fato dela trazer as ‘trevas’ consigo quando volta do subsolo de SH, “Tudo o que queremos é satisfação e vingança”), com uma pequena participação da Enfermeira Lisa, do primeiro game (também idêntica a original, talvez até melhor). A história contada pelo demônio (Fermata In Mistic Air do 3º SH ao fundo) pela boca de uma criança é mais uma característica de SH, que tem pelas crianças um...afeto especial (na verdade isso veio do próprio criador do jogo), pois o mal vindo de algo tão puro e inocente quanto uma criança é o que deixa a narrativa mais arrepiante. Além do fanatismo religioso, a busca por um paraíso perfeito, um lugar puro, livre das imundices presentes principalmente na personagem Claudia que acredito ter virado Christabella no filme, numa atuação marcante, bem estilo loucura religiosa extremista. “Cuidado como vai combater o Diabo. As armas podem se voltar contra você.” Diz o demônio ao explicar como essa loucura condenou Silent Hill e indiretamente deixando claro do porque tudo na cidade ficar enferrujado e com um aspecto queimado quando se transforma na ‘dimensão infernal’ (atuação tripla de Jodelle Ferland que aceitou interpretar três papeis diferentes (Sharon/ Dark alessa e o Diabo), e segundo a garotinha: “Sempre quis interpretar o Diabo”).

Silent Hill jogo e filme é uma trama que não tem dó de ninguém (que outro mostraria uma criança (Alessa) virar churrasco vivo e ainda sobreviver carbonizada juntando ódio e ressentimento de tudo e de todos até se transformar numa criatura maligna que amaldiçoa a cidade há passar seus dias confinada numa subdimensão infernal? Ou a morte de Cybil com requintes cruéis de tortura, carbonizada aos pouco, ou ‘purificada’, sem contar no assustador Piramide Head, bruuu, não, SH não se vale de cenas sangrentas e cruéis para ser bom, mas é uma características os momentos fortes e difíceis de digerir, que as vezes não derramam uma gota de sangue, mas mesmo assim são assustadoras e indigestas. O escuro predomina e os sons mexem com qualquer um).
Uma curiosidade: A roupa que Rose usa inicialmente é branca (ou uma cor muito clara), no decorrer do filme ela vai sujando esta roupa, sangue é respingado e tudo o mais, mas não os suficiente para mudar totalmente sua cor. Quando ela chega aonde o demônio esta todas suas roupas já estão vermelhas. Dizem que o vermelho é a cor do sobrenatural, a cor que mancha o mundo terreno, marcando uma presença do outro mundo. São muitos os filmes que posso citar em que essa cor aparece com este propósito, embora para muitos passe desapercebido (a porta da igreja e a maçaneta de vidro na casa do psicologo em Sexto Sentido, os moveis e as portas em O Iluminado, os detalhes marcantes do coreano Medo, entre outros, só para citar exemplos rápidos).

Silent Hill ao se transformar em filme se transformou também numa experiência diferenciada de produções de terror: são poucos os clichês, eles não são necessários numa historia tão original e por isso também são poucos os “sustos fáceis”. O seu horror se embasa numa trama que te pega pelo lado mais psicológico, mais difícil de controlar, com medos primitivos e constantes, como o medo do escuro e o receio do que se pode encontrar mais a frente, os sons perturbadores, a angustia por um ente querido....
É difícil não me alongar quando falo de Silent Hill, literalmente é meu jogo favorito e ter virado um filme tão fiel é com certeza uma satisfação para os fãs. Claro que, sendo assim, o final não podia ser outro. Os créditos finais de Silent Hill fica por conta da melhor e mais contagiante música da série na minha opinião, You’re not Here, que é a abertura do terceiro jogo (“Você não está aqui” tem a ver tanto para Rose quanto para Chris no final da história), junto a pequenos recortes recriados de cenas do jogo. A Konami protegeu sua criação por quase dez anos das produtoras que queriam levá-la para a telona, não cedendo o direito da adaptação. Talvez temendo que um jogo tão bom e tão único virasse uma porcaria cinematográfica e fosse manchado por isto. Ter liberado isso agora para um diretor competente que se interessou pela historia literalmente jogando o jogo foi a melhor coisa que fez. É difícil me impressionar com as produções atuais, principalmente de terror, mas pra essa eu tiro o chapéu. Trabalho perfeito!


Cabelos Vermelhos


Bom, um outro tópico que me interessa bastante são as lendas urbanas, aquelas histórias passadas de um pro outro e que ninguém sabe se realmente aconteceu ou se foi daquela forma, mas talvez seja isso mesmo o que me atrai, assim como o ditado quem conta um conto aumenta um ponto, cada pessoa que acrescenta algo de mais misterioso e assustador pra mim tá valendo, a imaginação das pessoas é o que há de mais rico nesses casos.
Uma delas me chamou a atenção, por ter uma pitada de sarcasmo misturado com as velhas histórias em volta da fogueira no final.




A TINTURA RUBI 666


Patrícia era uma garota de 15 anos muito infeliz. Ela era obesa e por isto tinha que agüentar os deboches dos seus colegas preconceituosos na escola.Seu sonho era ser tratada sem preconceito e arranjar um namorado. Mas, suas amigas esbeltas sempre falavam isto para ela:


— Nunca ninguém irá se interessar por você !


Patrícia raramente era chamada pelo nome por suas colegas, pois elas sempre a tratavam por: baleia , balão , bujão de gás , etc. A pessoa que mais humilhava esta menina era Nádia, a ex-miss do colégio, que sempre fazia brincadeiras desagradáveis com Patrícia. Nádia namorava Rodrigo, o menino mais cobiçado da escola e o amor platônico de Patrícia.Sempre, antes de dormir, Patrícia chorava trancada em seu quarto e para aliviar a dor ela escrevia um monte de poesias inspiradas em Rodrigo.


Mas, esta adolescente sempre foi fã da modelo Fernanda Lima. Ela tinha várias fotos desta artista espalhada pelo seu quarto. Assim, esta garota sempre pensava:

Como eu gostaria de ser igual à Fernanda Lima! Se eu fosse igual a esta modelo todos iriam me respeitar e eu conseguiria arrumar um namorado!

Um certo dia, Patrícia estava assistindo TV, quando de repente apareceu a modelo Fernanda Lima num comercial de tinta de cabelo. Quando a adolescente viu a sua artista predileta na TV, ela parou o que fazia e prestou atenção nas palavras da sua musa, que dizia com os seus cabelos tingidos de vermelho:




" – As tinturas Garnier têm várias cores novas . A minha é a Rubi 666. "

Ao ver este comercial , Patrícia ficou encantada com a cor dos cabelos da modelo e pensou:

Nossa, já pensou se eu pintasse o meu cabelo com esta cor? Talvez eu ficasse linda igual a Fernanda Lima!

Então, a adolescente foi ao mercado, comprou a tintura Rubi 666 da Garnier e passou no salão de cabeleireiro. E assim, ela mudou a cor dos cabelos. Porém, ao colocar os pés para fora do salão de beleza, ela sentiu que o seu jeito estava diferente, mas nem ligou, pois sentia-se contente.


Na manhã seguinte, Patrícia levantou mais leve, e quando as suas colegas a chamaram de gorda, ela nem se sentiu para baixo. Na aula de Educação Física, Patrícia fez algo que nunca tinha feito: jogou vôlei e não errou um saque. Ao passar das semanas, ela começou a emagrecer e a ficar com os traços mais femininos.


Até que um dia, Rodrigo começou a dar em cima dela, deste modo ela não resistiu e os dois acabaram virando namorados. Mas, quem não gostou foi Nádia, afinal Rodrigo a dispensou francamente para ficar com Patrícia. Nádia não se conformando com isto, planejou um plano diabólico.

Uma certa noite Patrícia estava caminhando num beco escuro a caminho de sua casa, quando, de repente, sentiu uma paulada em sua cabeça e desmaiou. Era Nádia que tinha cometido aquela agressão. Então, Nádia arrastou o corpo da sua rival até um terreno baldio e ateou fogo. No dia seguinte, uma mulher viu de longe, o corpo da garota queimado e chamou a polícia. Quando o delegado se aproximou da menina morta, viu que o seu corpo estava todo queimado, mas que seus cabelos estavam intactos: sem queimaduras, com a mesma cor rubi e com um brilho intenso. E no meio dos seus cabelos havia um bilhete grudado com fita adesiva, onde estava escrito:


“Cabelos tingidos com tinturas mágicas e enfeitiçadas são como espíritos: eternos.”


por: Luciana do Rocio Mallon
Fonte:
http://www.bocadoinferno.com/


sábado, 11 de outubro de 2008

Noite

Sempre gostei de fazer coisas a noite, não daqueles tipos que a maioria parece fazer, como 'sair pra balada', minhas noites eram mais modestas, em casa mesmo, mas eu me sentia mais inspirada no escuro, com as estrelas silenciosas e a lua solitária me fazendo companhia....
Quando estudei de noite no colegial foi um porre e sempre que me lembro daquele tempo é com uma certa melancolia, como se tivessem sido 3 anos absortos em escuridão e desânimo. Odiei a experiência e pretendia não repeti-la se tivesse escolha. Não tive. O ultimo ano da minha faculdade é obrigatoriamente noturno, então depois de 3 anos estudando em companhia do sol, eis que parece voltar a escuridão daqueles dia sem luz e sem calor. Só que é muito pior, eu não sei explicar direito porque, mas é, é como se junto com o sol eu pudesse sentir um pouco de vida, e como isso mais animação, mais esperanças, pareciam ter pessoas mais em comum, parecia o meu habitat, e não achei que a mudança de período fosse mexer tanto comigo. Estou me sentindo muito vazia no novo turno, como se a falta do sol tirasse minhas forças (é uma comparação meio teatral, mas é assim mesmo que me sinto). Me sinto tão deslocada e pouco a vontade, sem estimulo para continuar esses que parecem os 12 meses mais longos da minha vida. São todos tão adultos e profissionais, parecem tão bem sucedidos naquilo que é o objetivo final da faculdade, não formar novos profissionais com bagagem teórica, mas sim prática e me sinto tão pequena e infantil perto deles, pareço uma menina que sem querer caiu ali no meio deles e agora se sente perdida, se perguntando se era mesmo aquele caminho que devia ter pegado. Se eu pudesse desistir de tudo agora mesmo não pensaria duas vezes, se não tivesse nada que me amarasse aqui já estaria longe, mas os grilhões são muito pesados e fortes e minha consciência é uma coisa sensível, ela fica pesada por qualquer coisa, imagina por isso...

Katherine Anne disse uma vez: “Parece haver uma espécie de ordem no universo no movimento das estrelas e na volta da terra e na mudança das estações. Mas a vida das pessoas é quase um puro caos. Todo mundo toma a sua posição, afirma o seu próprio direito e sensações, confundindo os motivos de outros ao seu próprio!”