domingo, 27 de junho de 2010

Mais um dia


Mais um dia. Quarta. Quarta era seu dia favorito, não sabia bem porque, talvez porque fosse o meio da semana, entre os dois dias iniciais e os dois finais, entre o primeiro dia do fim de semana e o último. Era quarta e já estava desejando uma dose de vodka limão. E ainda nem era dez da manhã. Precisava se concentrar, mas não conseguia, e seu dia-a-dia estava se tornando levemente estressante e assustadoramente monótono. Não pela repetição das mesmas coisas, mas por uma sucessão de acontecimentos diferentes que culminavam numa coisa só: pressão, estresse e desassossego. Nunca se imaginou alvo do que ela mesma achava impossível em si: Perder o controle. E o sono. A calma, a que todos achavam notável, ainda estava lá, mas aos poucos com a superfície um pouco chamuscada pelo inquietação muda em seu interior. Aquilo iria explodir, sentia isso toda vez que tocavam numa brecha invisível que fazia seu humor bipolar virar. E suas explosões a assustavam, pois ainda não tinha controle sobre elas, sobre o que sentia depois em relação a elas. Queria não estar presente quando os estilhaços voassem. Quem dera ter essa sorte.

sábado, 12 de junho de 2010

Uma breve explanação

         Buscando inspiração para escrever lembrei-me de histórias antigas ou mesmo as novas, envolvendo mortes horrendas e violentas, daquelas que te dão um arrepio e te fazem pensar para onde Deus estava a olhar naquele momento. Ao crime em si nada se sabe de concreto, meras suposições. Recolhesse fatos, provas, evidências, para se montar as peças espalhadas pelo assassino ou pela própria situação, mas não se chega ao que realmente aconteceu, coisas que somente a vitima saberia explicar. Não creio que já tenham inventado algo que pudesse interrogar os mortos.

            Ao assassino vale-se várias famas: monstro, covarde, demônio, entre séries de palavrões de alto ao mais baixo calão. E, é claro, louco.

            Loucura, o caminho mais fácil de se explicar um ato hediondo, se o sujeito é louco ele não é responsabilizado diretamente, não estava consciente do que fazia ou entendia isso de outra forma e assim os manicômios vão se enchendo de psicóticos, os que foram possuídos por um espírito maligno e já não se lembram de nada do que cometeram ou apenas aqueles que aproveitam a “senilidade” para ficar num lugar melhor que a cadeia.

            Mas afinal, de onde vem isso, a raiz de todo esse mal que de repente explode numa cena que, horas depois será o “local do crime”? Alguém que diz “Oh, que horror!” ao ler no jornal ou ver pela TV coisas do gênero já se importou em saber a origem de tanto horror? O que faz despertar na mente idéias tão maquiavélicas e que impulso as leva a concretiza-las?

            Loucura.

            Todo tipo de loucura.

            Estar louco não se resume em falar ou praticar coisas sem sentido ou ficar babando enquanto acha que conversa com pessoas imaginárias.

            É possível se estar insano e não saber, talvez esteja dentro de todos, mas alguns levam mais à sério seus instintos, estão mais na beira do precipício...

            ...basta um empurrão e catapum!

                                   ...acontece...



O que vem antes é o que precisam saber.

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"O adormecer da razão gera monstros" (Goya)

terça-feira, 1 de junho de 2010

Agora séries

Na sina pelo repouso para a recuperação total do dente (ou melhor, da gengiva costurada onde antes havia um dente impertinente :-p ) dessa vez preenchi minhas noite com séries, numa salada mista de gêneros e épocas.


Pessoas desaparecem por todo o mundo todos os anos, misteriosamente. Muito desses mistérios é solucionada com a dura e fria realidade de um acidente ou assassinato. Mas e quando a pessoa simplesmente desaparece, como se numa hora estivesse ai e na outra apenas a sensação de sua presença sem deixar rastro de seu paradeiro? A história de 4400 ronda essa possibilidade insolita e o ainda mais estranho retorno de 4400 pessoas desaparecidas em diversas épocas, situações e lugares do mundo. Mas não apenas isso, pois esse retorno tão inusitado não poderia trazer de volta as pessoas do jeito que elas sumiram. Os que retornaram vieram também com habilidades especiais, que podem ser uma benção ou uma maldição. A linha que divide suas presenças entre um alivio para os que aguardavam o seu retorno e a ameaça para os que não compreendem o que eles são é muito, muito tênue. 


Neptune é uma cidade sem classe média. Berço dos milionarios da California, ou você é um ou seus pais trabalham para um. Assim Veronica Mars descreve sua ensolarada e intrigante cidade, onde o pai foi xerife, mas agora cuida de uma agencia de investigação alternativa como detetive, após ser banido do circulo influente por um erro de julgamento. E ela é sua sagaz aprendiz. Comecei a assistir essa série apenas pela curiosidade do nome, mas acabei me afeiçoando ao jeito sarcastico e inteligente da minha xará, como uma detetive fora-da-lei, sempre ganhando algo por fora (seja experiência, dinheiro, crédito ou o ódio das pessoas) para desvendar todo tipo de mistério.

“Há uma quinta dimensão além daquelas conhecidas pelo Homem. É uma dimensão tão vasta quanto o espaço e tão desprovida de tempo quanto o infinito. É o espaço intermediário entre a luz e a sombra, entre a ciência e a superstição, se encontra entre o abismo dos temores do Homem e o cume dos seus conhecimentos. É a dimensão da fantasia. Uma região Além da Imaginação !”
Essa é a fala clássica que abria os épisodios de Além da Imaginação (ou The Twilight Zone), dita por um homem sinistro que terminava com uma lição ou sentença. O clássico dos anos 50/60 eu não consegui achar, mas sim esse remake dessa que é considerada uma das melhores séries de todos os tempos. Os épisódios são breves e certeiros sobre uma questão ou tema, nos fazendo ter vontade de entrar dentro da trama para mudar o rumo dos fatos, pois sabemos o que seria melhor, ou como mudar o rumo das coisas, talvez possível se estivessemos num espaço além da imaginação. Até hoje continua sendo vivamente uma série de histórias impressionante.


Achei que essa série lembrava muito a coleção de livros A Mediadora de Meg Cabot, sobre uma jovem que consegue se comunicar com os espiritos, tentando ajuda-los a resolver suas pendencias que os prendem ao mundo terreno e alcançar a luz. Mas procurei e fusei e não parece ter relação, pode ter sido uma inspiração de um dos dois lados. Acabei gostando do rumo não tão assombrado e meio dramatico da trama, com uma carismatica  Jennifer Love Hewitt como papel principal da 'mediadora' entre o mundo dos vivos e mortos. Outra coisa legal da série é que ela pode abrir o jogo sobre sua condição de 'portadora de um dom especial' para outras pessoas, incluindo familia, marido, amigos....sem ser encarada como louca. Apesar de só estar no primeiro episodio, parece ter começado bem.

Tipo, na época em que séries não eram tão difundidas assim, Buffy era uma especie de referencia. Na época em que os vampiros não tinham virado essa coisa teen a lá Stephenie Meyer, Buffy caçava os vampiros com uma mini-saia, bota e estaca de madeira na mão. Isso quando não aparecia um bonitão misterioso chamado Angel (que tinha sua própria série até) para ajudar (ou atrapalhar) a moça. Antes de ser a garota que fez acontecer em O Grito (The Grunge, 2004), a ótima adaptação norte-americana do filme japonês Ju-on, Sarah Michelle Gellar ficou famosa interpretando a habilidosa caça vampiros Buffy. Pegue qualquer gibizinho do século passado (nossa, como me sinto velha agora....>-<) e lá estará a heroina dos pescocinhos indefesos em algum anuncio da contra capa. Era um icone. Porém, só assisti poucos episodios de temporadas adiantadas, então resolvi tomar vergonha na cara e começar desde o começo. 


Se é de séries velhas que estava falando, essa veio lá do fundo do baú. Laura Palmer, eis um nome que me remete a infancia, a noites na sala de piso de madeira com a luz azulada da tv e que era territorio apenas para os que se aventuram a ficar acordados nas altas horas da noite para assistir o que passava depois do horário nobre. Séries como Os últimos dias de Laura Palmer, o nome mais esquisito de uma série que ja tinha ouvido e que me dava arrepios. Me lembrava muito, muito pouco dela, mas o nome era vivo ainda, como uma lembrança recorrente. Só voltei a dar com ela quando meu irmão me falou de uma série nova chamada Happy Town. Ao ler a sinopse dizia que ela tinha uma certa inspiração da velha série Twin Peaks, ou aquela que travava do misterioso assassinato de Laura Palmer. Pronto, o nome tinha vindo a superficie novamente e me deu vontade de enfim saber do que se tratava essa que era uma série polêmica na época. De enredo um pouco perturbador e com aqueles detalhezinhos que só se vê nessas séries antigonas (como longas tomadas, closes aparentemente insignificantes, mas que escondem a verdadeira magia do momento, musica forte, de batida envolvente, além do figurino, cenário, falas....... ), o piloto com quase a duração de um filme já me deixou com vontade de saber o que vem a seguir e o que se esconde por trás do dramatico assassinato de Laura Palmer.

Ahhh, agora acho que vou dormir, pois o efeito do analgésico é como o proprio ditado diz: tiro e queda!