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sábado, 6 de junho de 2009

A arte de perder


UMA ARTE
Elizabeth Bishop

A arte de perder não é difícil de dominar.
Tantas coisas contêm em si a prerrogativa
Da perda, que perdê-las não é nenhum desastre.

Perca um pouquinho a cada dia.
Aceite, austero, a perda das chaves da porta, a hora gasta inutilmente.
A arte de perder não é difícil de dominar.

Depois perca além, mais rápido:
Lugares, nomes, situações...tantas coisas.
Nada disso trará um desastre.

Perdi o relógio de mamãe. E veja!

minha ultima, ou antepenultima, de três casas amadas que tive.
A arte de perder não é difícil de dominar.

Perdi duas cidades lindas.
E um império que eu possui, dois rios, e mais um continente.
Sinto falta deles. Mas não foi um desastre.

Mesmo perder você (a voz engraçada, o gesto que eu amo) Não muda nada.
Pois é evidente que a arte de perder não é tão difícil de dominar
por mais que pareça (Escreva!) um desastre.

Nos rascunhos de Bishop para o poema, a conclusão de One Art fica muito
mais explícita, como é possível ler nesse trecho:

All that I write is false, it’s evidentThe art of losing isn’t hard to master.oh no.anything at all anything but one’s love. (Say it: disaster.)

Tradução livre:
Tudo o que escrevi é mentira, é evidente
A arte da perda não é dificil de dominar
oh não qualquer coisa, qualquer coisa exceto o amor de alguém.
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Extraido do filme "Em Seu Lugar" (In her Shoes) - 2005
- Sobre o que fala o poema?
- Perda..? Amor...!
- Ah!E o que quer dizer isso? Que o amor já esta perdido? Bishop escreve isso como uma possibilidade, uma probabilidade? Como?
- Bem...a principio ela fala sobre perder coisas reais como chaves...depois ela torna-se grandiosa, como perder um continente.E a forma como ela diz, parece não ter importancia. Ela quer que soe
como se não tivesse importancia, porque ela sabe, no fundo, como é ruim o sentimento de perda.
- Perder o quê? Ou quem? Um amante?
- Não. Um amigo.